Fui assistir Cegueira. Ufa! Eu tinha passado o dia todo com uma amiga e o ex. Tadinho. Ele me pareceu um tanto ressentido com a vida, um tanto perdido ainda. Sei lá, claro que já não é mais comigo, mas isso me cansa, me suga, sabe? Eu me preocupo com ele e quero que seja feliz, né? Maaaas, enfim, não dei bola pra torcida. Despistei a todos e corri no HSBC. Comprei meu ticket e pronto. Ansiosíssimo. Finalmente eu ia ver o filme que esperava há meses.
Eu li Ensaio sobre a Cegueira há uns três anos. É daqueles livros que parece um salto no escuro. Tudo é novo e imprevisível, tentador e provocante. Enquanto um mal estar vai nos dominando pelo reconhecimento do nosso animalismo, a curiosidade nos instiga a correr e descobrir o que virá na página seguinte. Saramago é sábio! Não só pelo estilo particular de escrita, pela estrutura corrida e simples das suas páginas, pelas idéias emaranhadas aqui e ali. Mas, principalmente, pelo enredo inteligente e pelo universo utópico que em suas mãos ganha tanta realidade.
Ensaio sobre a Cegueira fala sobre uma epidemia que se alastra pelo mundo. Uma cegueira branca, desconhecida e misteriosa. Diante do alarde, os contaminados são relegados a quarentenas onde ficam isolados da população. Mas, diante do contágio devastador, a coisa vai tomando uma dimensão animalesca, quando vemos retratado nosso primitivismo e fragilidades. Apenas uma mulher não é contagiada, e serve de guia através de seus olhos para a realidade que está a sua frente.
O ensaio de José Saramago é genial e doloroso. É um relato das nossas fragilidades. Do nosso despreparo e falta de generosidade diante de uma situação inusitada. Da fragilidade da ética, da dignidade e da moral, que a hipocrisia estampa todos os dias em nossa cara. Quem sabe a cegueira branca seja um castigo, quem sabe um remédio?
Fato é que o filme é impecável. Não é atoa que o próprio Saramago teria saído tão satisfeito. Fernando Meirelles captou a essência exata do livro e traz toda aquela energia, nem mais, nem menos. Os atores estão integrados e as cenas gravadas em São Paulo surpreendem. A devastação na cidade e o reconhecimento de pontos importantes como o minhocão, a ponte do Morumbi, o Teatro Municipal. É simplesmente incrível!
terça-feira, 11 de novembro de 2008
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4 comentários:
quem sabe? e o filme? sabe?
Realmente pra mim o filme é um soco no estomago e o filme do ano!
Ele foi relativamente fiel a Saramago!
Tem muita emoção e as cenas de São Paulo são realmente impecaveis!
Uma obra de arte!
:D
eu PRECISO ver
Love it!
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