Eu, eu mesmo e alguma outra coisa...

Esses dias me disseram que eu sofro de múltipla personalidade. Eu tenho essa bobagem de me "encanar", às vezes, com o que os outros dizem, embora a psico viva alertando pra eu, desesperadamente, parar com isso. Mas, enfim, claro, isso ficou me martelando um pouco a cabeça. Talvez tenham razão. Quero dizer, com certeza eles tem razão. Não que isso tenha algo de negativo. Mas, às vezes, é meio estranho lidar com essas múltiplas personalidades dentro de uma pessoa só: no caso eu. Tem, por exemplo, o moço comportado, aquele que é estudioso, só tira nota dez, responde adequadamente, praticamente usa óculos, é de família e pra casar. Tem o moço destrambelhado, aquele só faz merda, que é impetuoso, desconcertante, incontrolável e compulsivo. Tem o moço porra loka, aquele que não vê consequências e que se joga em tudo que é situação. Esse não sabe dizer não, um problema. Tem o moço cool, aquele que é bacana, simpático, que agrega tudo e todos, que sabe falar de qualquer assunto, a última bolacha do pacote. Tem o macho ninfomaníaco, esse precisa de evocação, mas quando aparece sai de baixo, não tem tempo ruim. Geralmente é o aliado da Morgana e compõe 80% do famoso lado B, infiel, cafajeste, cachorro, vagabundo... causa vergolha alheia. E tem o moço Clawnesco, aquele que faz piada de tudo, de toda a situação, que não lamenta, não sofre, não chora e, se chorar, vai transformar isso em gargalhada em poucos instantes. Esse último, talvez, é o que ocupa grande parte do tempo... talvez como uma forma de escapar da seriedade da vida ou da gravidade das situações. Sou muito grato a ele por tudo. Sempre! Sempre!

A questão, é que devido a variedade de personalidades, acontece exatamente isso aí. Principalmente quando não me sinto levado a sério quando preciso ser levado a sério, ou sou levado a sério quando não devo ser levar a sério. Eis a confusão armada! É o que rolava, por exemplo, nas baladas da vida. Nos dias em que resolvia ficar ali, aprumado, certinho, bonitão... apareciam aqueles bofes que querem causar escândalo. Quando tava ali me jogando, aparecia um bofinho de família que ia achar que eu era um louco varrido. E daí lá vou eu lamentar a personalidade errada na hora errada. Ou querer reconstruir o papel depois do desastre. Ou querer, simplesmente, me enclausurar dentro de mim mesmo e, milimétricamente, ir reconstruindo tudo de novo, de forma perfeita. Mas ninguém é perfeito. Nada é perfeito. Quiçá eu seria perfeito.

Eu sou simplesmente tudo isso, sabe? Então quem quiser vai ter que levar o pacote... hohoho... O caso é que o pacote, às vezes, parece complexo demais. Até para eu mesmo entender. Por isso mesmo que não dá pra cobrar dos outros uma compreensão absoluta. Então eu deixo que cada um entenda aquilo que quer entender, e só lamento aqueles que entendem meia verdade. Afinal, essa, pode ser carregada por uma vida inteira. Fazer o que?