Acabei nesse minuto o livro O Leitor, que deu origem ao filme estrelado pela Kate Winslet, rendendo a ela o Oscar tão merecido já pelas outras obras. Ainda não vi o filme, mas sei que não vou me decepcionar por ela, que é sempre tão densa e incrível naquilo que faz.
Na verdade não vim aqui para falar dela ou do filme, posto que ainda não o vi e, assim, não posso dizer. Mas sobre o livro, uma literatura simples, direta e sagaz. O protagonista, Michael, um jovem que conhece Hanna aos 15 anos e, então, passa a ter uma relação amorosa e obsessiva por ela. Os encontros seguem um ritual, a falta de conhecimento de um sobre o outro. As leituras que ele faz em voz alta para ela. O banho. O sexo. Até que, subitamente, ela desaparece e ele pensa que nunca mais irá vê-la. Eles se reencontram no tribunal, ele estudante sobre os casos do Holocausto. Ela, a ré, respondendo pelos crimes da guerra. O livro é sagaz no que reflete algo pouco dito até então, como a vergonha e a impotência da geração pós-Holocausto. Por outro lado, fala sobre valores, amor, ética. É atual, e ainda assim tão distante.
Enfim, roteiro posto, preciso explicitar minha indignação perante a covardia. Mesmo com a impossibilidade de julgar a covardia de um protagonista criado em cenário tão nostálgico e impotente. Mas, sim, a covardia de alguém que prefere divagar sobre as filosofias a assumir aquilo que sente, que vive, e que ama. E não, pois será possível amar alguém que cometeu tal atrocidade? Fato é que o "mocinho", sabendo lhe as razões, era o único que realmente a compreendia de todo. E ainda assim preferia abster-se a enfrentar o próprio medo de mudar o destino.
Não vivi tal extremidade, mas me orgulho de enfrentar minhas impotências. Afinal é preciso encarar os medos de frente para que se possa seguir o rumo. Creio! E não ficar agindo como um babaca estéril e inconformado, perante um extenso muro de inconformidades.
Por outro lado, será mesmo possível esse amor com tanto distanciamento? Será real? Talvez sim, para aqueles que não conheceram as possibilidades do sexo. Porque penso mesmo que esse conhecimento seja uma benção e um empecilho. Benção quando liberta o corpo e a mente dos calabouços da vida. Aqueles mesmos que torna tanta gente por aí impotente e insegura perante o desconhecido. E empecilho, posto que essa mesma liberdade desperta uma solidão ainda maior, que é a insatisfação ou a desistência.
Sempre me pergunto sobre essas coisas da vida. Se é possível a fidelidade, se é possível a continuidade. Ou se é nosso destino, findos os tabus, seguir por aí livres, porém incertos. Não tenho as respostas. Estas parecem sempre frágeis e incompletas, e vão se transformando com o caminho. Nessas horas, só um ponto final e uma distração para disfarçarem essa inquietação que me persegue...
sexta-feira, 13 de março de 2009
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2 comentários:
Ah.... quantas perguntas né? O fato é que acabei de assistir o filme, e como ainda estou sob o perverso efeito da tpm, não sou pessoa sensata para te falar sobre as impressões que tive. Mas é tão triste, Pedro...
Imagino... vou assistir bem já!
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