quinta-feira, 26 de junho de 2008

Lirismo...

Ela prometeu que seria assim, um processo prático e racional, indolor talvez, como uma pequena cirurgia para a retirada de um tumor simples. Juntos iremos levantar as situações primordiais, tratá-las com o devido respeito, e depois pontos, costura e convalescença. "Será? Você me promete?". Olhava eu, angustiado, tentando encontrar uma afirmação nos olhos dela, qualquer afirmação que me desse alento. Que dissesse que sim, no silêncio... que a vida ainda tem jeito, que é possível a felicidade, que o futuro tá ae, é só ver... Ela não disse nada, só riu, aquele risinho tranquilo e indiferente que mantinha todo o tempo estampado no rosto.
Saí de lá com pensamentos confusos, desalinhado, inseguro, solitário, como se essa fosse a primeira vez. Não é possível que isso seja tão simples, ou é, sei lá... Achei bom caminhar até o ponto do ônibus numa rua longe do centro. Enquanto isso pensava se essas atitudes todas também não representariam uma espécie de infância. "Será que já fui adulto? Será que sou um adulto? E se não, quando serei, afinal?".
Uma vontadezinha insensata de chorar naquele momento, de sentar debaixo de algum daqueles pés de jacarandá que se apinhava nas calçadas e ficar ali um pouquinho com meus soluços e lamentos, com minhas dores. Resisti. Ou essa é uma idéia muito cinematográfica e novelesca para tanta secura. Esses são dias felizes, são dias bons... e o futuro tá ae, é só ver!

3 comentários:

Anônimo disse...

linda conjunção de palavras.

Demian disse...

Antes fossem só palavras... antes fossem...

Marco disse...

eu "acho" que entendi... e se de fato eu entendi, o texto ganha muito em força e em sinceridade... se é que eu entendi mesmo...

abs!