quarta-feira, 22 de outubro de 2008

O Eu Profundo de Adélia

"Me interessa profundamente a vida ordinária. Se formos espertos, descobrimos que todo mundo mesmo só tem o cotidiano, dádiva bendita."

"O mais difícil de todos (os recados): não fugir da realidade. E estou falando para mim mesma. Olhar nos olhos o que se me apresenta como vida real. Está tudo nela, a poesia, a metafísica, a matemática, a mística, a miséria, amor e dor, medo e consolação. Enfrentar a realidade é um descanso. Descansa de muita coisa. Cura de muita coisa. Até de neuroses. Normalmente somos tentados a nos fingir de mortos. Deus nos ajude a viver, com a cabeça fora da areia."

"A vida ordinária, a rotina, o presente do dia-a-dia, um presente enorme. Quero a aceitação plena do que não podemos fugir, nenhum de nós. Sei que é mais difícil, porque não brilha, não chama a atenção, não dá manchetes, mas é onde minha maturidade e minha fé são provadas. Aceitar o cotidiano é abrir-se às maravilhas ocultas no que parece empoeirado e sem graça, pacífica, desconhece tédio"

Adélia Prado para revista Poder

Essas pérolas da Dona Adélia Prado, a bem da verdade, me despertam bem mais coisas que as saudades de Dna. Cris e Dna. Dita - que me levaram a ela. Elas falam de uma mulher que aos 72 anos de idade e experiência, fala do "agora" como o maior segredo do mundo. Fala de enfrentamentos e realidades, coisas que há tempos estão ticadas em minha memória. Talvez por isso mesmo que eu prefira o tempo presente, a realidade nua e crua, a simplicidade das conclusões. Pelo contrário, me matam a ansiedade das incertezas, as voltas das ilusões. Me dilacera aquilo que não sei e o que não parte de mim. Posto que o que vem do outro sempre pode ser manipulado a meu favor.

Dessa forma, enfrento as coisas de frente, não me abato em tempos de chuva ou, tampouco, lamento aquilo que não foi. Isso é importante quando a vida não é perfeita e uma parte dela está conosco, e a outra não. Bem assim é a forma que me pacifico com meu cotidiano e descubro suas maravilhas ocultas, mesmo que "pareça empoeirado e sem graça" ou o que for. Afinal, tia Adélia, fugir do tédio é essencial e quem cuida e sabe da minha vida sou eu!

5 comentários:

Serginho Tavares disse...

se a gente for parar pra pensar a vida não é dificil
nós que complicamos tudo...

Unknown disse...

Eu discordo do comentário acima, a vida não é la muito facil. Concordo com a tia Adelia, é bem complicado enfrentar a realidade e hoje temos mil maneiras de fugir da realidade, do real, os relacionamentos a vida esta cada dia mais virtual, pessoas nao se encontram, não se ligam, não se visitam, tudo está reduzido a vida virtual e muitos transformarão isso em fim e ja nao vivem mais na realidade, vivem na virtualidade e ela pode ser extremamente solitária, falta calor humano, interação, vida real. Anotado o recado e colarei ao lado do monitor: Não fugir da realidade.

debora disse...

ai dona adélia.
tens que ler sobre o quarto cor de laranja que o pai pintou pra elas já que não podia levá-las à praia e queria, mesmo assim, dar uma vida cheia de amanheceres de sol pras meninas.
eu nem poso escrever que choro. sério.

Anônimo disse...

BELAS E SÁBIAS AS PALAVRAS DELA. PERCEBER QUE NO DIA-A-DIA É QUE ESTÁ A FELICIDADE E O CRESCIMENTO. A GENTE SEMPRE QUERENDO APOTEOSES DIÁRIAS E SOFRENDO QUANDO ELAS NÃO ACONTECEM, DEIXANDO DE APROVEITAR E APRENDER COM A VIDA COMUM.

FOXX disse...

naum sei o q dizer
acho q preciso digerir seu texto melhor